História da Arte

Pintura rupestre

Acima, dois fascinantes trechos das pinturas rupestres da gruta de Lascaux (Dordonha). São verdadeiras obras-primas, fase culminante de uma longa evolução. Os três quadrúpedes da gravura superior (um cavalo, um touro e uma rena) estão no centro da esplendida composição da chamada “rotunda dos touros.

Nestes múltiplos riscos, destinados a guarnecer a parede, manifestação de um horror pelo vazio e pela argila nua. E o caso da criança psicopata que, na sua angústia, se julga «emparedada» e que, para se proteger contra os outros, abarrota os espaços vazios, multiplica os traços circulares ou os ponteados nas folhas de papel.

O frenesi de executar traçados digitais traduz medo, uma angústia profunda. Esta humanidade encontrava-se ainda na sua infância e em condições de existência difíceis.

Desses traçados nasceria uma nova fase gráfica. Com o dedo pode-se esboçar, primeiro por acaso e a seguir de propósito, um perfil de animal, uma linha dorsal, um par de chifres; um ziguezague evoca as quatro patas de um bovídeo.

Uma grafia animalista começa a afirmar-se e é evidente a sua inspiração no ambiente habitual da caça. Os lógicos inclinar-se-iam a ver a origem da arte na escultura ou na modelação.

Estas técnicas delimitam melhor o concreto. As estatuetas ou os perfis recortados em marfim de Dolni Vistonice e de Willendorf, os blocos em alto-relevo de Laussel e a célebre «Vênus do chifre>> ascendem a cerca de 30 000 a. C.

Tanto a grafia como o baixo-relevo e a escultura de vulto redondo se afirmam na mesma época, mas o número de obras descobertas é ainda muito reduzido para nos decidirmos acerca da anterioridade de uma ou de outra. Estas formas de expressão prolongarse-iam por muito tempo.

Rouffignac oferecerá milhares de metros quadrados de traços digitados de cerca de 12 000 a. C. e a era das estatuetas femininas chegou até ao mundo contemporâneo, sem a mínima interrupção. Estas experiências, na origem das artes figurativas, determinaram um «estilo arcaico» que somente muito mais tarde (c. 15 000 a. C., sobretudo) se elevaria ao naturalismo animalista e ao expressionismo.

Fonte: Editora Salvat